Para muitas correntes da psicanálise, todo sintoma causa um trauma que encerra os elementos do trauma principal que desencadeou a neurose. Isso quer dizer, mais ou menos, que investigando a agonia de uma pessoa que não consegue atravessar a rua no momento em que ela precisa realizar essa tarefa, é possível investigar o que causou tal limitação.
A mente é como um iceberg, acreditava Freud. O consciente fica ali aparecendo na superfície enquanto todo o resto, nossa memória esquecida, forma uma coisa submersa que é gigantesca, e que está submersa, perigosamente fascinante. Ainda assim, a ponta está lá aparente e guarda as informações sobre o invisível.
Nisso tudo estão os sonhos. Confusos, pequenos acasos, digestões do cotidiano que às vezes são tão estranhos, as situações podem ser tão absurdas e não fazemos idéia de porque aqueles objetos estão ali juntos. Os sonhos são uma digestão das nossas memórias, das informações que engolimos dia após dia e que formam imagens, sons e sensações necessárias para a manutenção do nosso cérebro, mas são também o campo de manifestação da parte de nós que está no fundo do oceano do que queremos esquecer, do que nos perturba.
A comunidade Quantae no Flickr, foi criada pela italiana Daniela e busca reunir imaginários e fragmentos do inconsciente, fotografias feitas de propósito ou ao acaso que trazem à tona a junção inconstante e às vezes incompreensível de objetos e impressões. Hoje a galeria conta com mais de 9,500 imagens; capturas altamente criativas que nos levam a alguma concretização das nossas loucuras sonhadas, além de nos deixar ver um pouco dos resgates obsessivos dos próprios fotógrafos. Toda seleção de lembrança é um quantae do esquecimento.
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