Viver Fotografia

23 fevereiro 2010

Cidade & Fotografia

Glória imortal aos fundadores de SP
Foto de Carla Bispo
Por uma inversão de perspectiva do patrimônio histórico – do ponto de vista da paisagem urbana
É corriqueiro pensarmos no espaço jesuítico, ou no Pateo do Collegio, a partir de referências construídas socialmente; tais como as referências imagéticas representadas, ou pela Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo, do Italiano Amadeu Zani, ou, com base na mais intrigante e reconstruída referência desse espaço – a Igreja do Beato Anchieta, fundada pela Cia. de Jesus no século XVI.
Durante cinco períodos distintos o Colégio sofrera alterações, desde seu primeiro projeto vernacular em pau a pique, passando pelo segundo projeto em taipa de pilão, até equivaler-se ao que é hoje, um projeto arquitetônico sacro, réplica que homenageia a versão do segundo projeto do século XVI, reconstruído no século XX, em 1979, e dedicado ao Beato José de Anchieta.
Especialmente neste último caso, outra referência visual marcante são duas fotografias em papel albuminado, que Militão Augusto de Azevedo legou-nos da versão oitocentista do Colégio, à época do padroeiro Senhor Bom Jesus, datadas de 1862 e 1887. As imagens em questão denotam uma das primeiras dinâmicas modernas da Cidade de São Paulo, o tempo em que os primeiros transeuntes apropriaram-se do espaço das ruas; em seguida, as prosperidades da economia cafeeira propiciaram a São Paulo a emancipação da alcova provinciana.
Hoje, o uso ao qual está submetida a atual Praça do Pátio do Colégio é de ordem diversa, para além do turismo cultural cotidiano. O Pátio pode ser reconhecido como uma espécie de pórtico referencial, cuja passagem implica muitos outros caminhos – do Centro ao Bairro ou vice-versa, um fluxo diário de muitos veículos e transeuntes.
O Pátio do Colégio tem uma dinâmica própria, hospeda sujeitos que habitam as ruas e que ali encontram uma reminiscência entre “a casa e a rua”, dentro de uma lógica – ora de desassossego, ora de conforto. O espaço público do Colégio, ainda não privatizado totalmente – com grades – propicia ainda, aos finais de semana, além da presença corriqueira de turistas e transeuntes, a presença de skatistas, bastante nítida nesta nova versão pública do Pátio do Colégio.
Olhar ao redor e desconstruir o que foi construído socialmente; desafiar a nossa “possível deficiência visual” e desfazer a mecanização imaginária à qual fomos submetidos seria desvendar uma espécie de incógnita dessa faceta da memória patrimonial da cidade, cujas outras formas de recordação do espaço foram ofuscadas. Portanto, se só sabemos que o Pátio do Colégio é o monumento de Amadeu Zani, ou é a Igreja, não sabemos então de fato o que é o Pátio do Colégio.
O Pátio do Colégio, para além dos monumentos construídos socialmente em cartões postais, é uma realidade muito contraditória à beleza que o imaginário postal impõe, ou convida-nos à experiência de visualizar – imagens a serviço deste tipo de ideologia. Estranhar é preciso, na possibilidade de observar as diferenças, a partir do passado – espaço da experiência, cujas dinâmicas da paisagem urbana se movimentaram e encontraram no fluxo do tempo, o futuro – horizonte indeterminado.
A proposta é deter-se em uma inversão de perspectiva, na qual a hipótese que fundamenta a reflexão traduz a seguinte questão: “a paisagem urbana ‘fala’?” Seria possível pensar que esse é o atual Pátio do Colégio, ou o antigo Pateo do Collegio? A resposta é sim. Para além da discussão que envolve as características construídas socialmente do espaço patrimonial, deter-se em outra discussão de mesmo valor – intensa, com sorte! – quer dizer, tão interessante quanto a questão do patrimônio público é a questão do ‘ato fotográfico’. Não, não se trata de descrever esta foto, caro leitor; trata-se de uma discussão sobre as representações visuais do Centro Histórico da Cidade de São Paulo.
No que tange ao "realismo documental", próprio da imagem-ato codificada para esse fim, cujo ícone é o próprio Pátio do Colégio, a proposta seria inverter a perspectiva. A versão da perspectiva clássica é representada, ou pela Igreja do Beato José de Anchieta, ou pela Glória Imortal aos fundadores de São Paulo, do escultor italiano Amadeu Zani.
Eis então a questão. O automatismo contido no disparo fotográfico que, em suma, à sua particularidade natural inscreve a luz – ou na película fotográfica, ou no sensor digital de códigos algoritmos – sintetiza a construção imagética de algo. Neste caso, temos um índice que sintetiza a construção imagética da paisagem urbana.
Para tanto, é relevante considerarmos os principais aspectos semióticos da imagem fotográfica: o aspecto indiciário , que precede o seu aspecto icônico , próprio da imagem, cuja cumplicidade com o seu referente implica traço do real , conferindo-lhe o aspecto simbólico, um signo , cuja forma e o sentido seriam codificados culturalmente. Daí, temos: o índice (contiguidade física do referente na superfície sensível), isto é, a inscrição da luz, tanto na película quanto no sensor digital. A luz que o referente reflete, que é o assunto fotografado, emite a sua informação. É essa a informação que nos interessa. A luz inscreve-se (na película ou no sensor digital) sintetizando uma “escrita de luz”, ou seja, uma fotografia [da Praça do Pátio do Colégio]. Portanto, ao índice, o ícone , e ao símbolo, o signo , uma designação significante codificada pela cultura (no caso, os românticos cartões postais construídos socialmente).
Logo, o referente em questão pode, ou não, ser construído socialmente. É essa procedência que faz da imagem um documento de ordem pictórica; é o código (contexto cultural e ideológico) que confere à imagem sua finalidade – a de estar em um arquivo histórico ou em um museu de artes, por exemplo – e que sempre em sua gênese será precedida pelo índice . A imagem fotográfica tem a particularidade de ser inscrição de luz, própria de um dispositivo tecnológico, seja ele o mais elementar ou o mais contemporâneo. O índice da imagem fotográfica tem com a luz uma relação metonímica.
Todavia, é preciso explicitar que esta hierarquia de aspectos não deve existir nesta ordem; ora, tais aspectos estão sempre em devir, são contingentes teóricos que norteiam a ontologia dessa imagem fotográfica sobre o Pátio do Colégio, e, por sua vez, norteiam a discussão sobre a “fala da paisagem urbana”. Em outras palavras, este local e os demais locais da Cidade podem “dizer” algo sobre si, sim, por meio da fotografia. Assim, esses três aspectos, ferramentas conceituais, devem ser deslocados de acordo com o código da imagem – o código proposto agora é o da (des) construção social dos românticos cartões postais. O código proposto continua sendo de caráter postal, mas aqui seu expediente confere “outra” perspectiva sobre o Pátio do Colégio.
A questão posta lida com o problema de como a paisagem urbana poderia imprimir seu status dinâmico a partir da fotografia, ou seja, como a paisagem urbana, enquanto "o outro", poderia nos contar algo sobre o que ela é. A questão é da maior importância quando o assunto é apreender o máximo de registros sobre as transformações de uma cidade, que deverá sofrer, nas próximas décadas, transformações intensas.
5/9/2009
Fonte: ViaPolítica/A autora
Carla Bispo é fotógrafa. Atualmente é colaboradora da revista Retrato do Brasil , entre outras. A área de pesquisa que desenvolve é a fotografia do cotidiano da cidade de São Paulo. A partir dela observa, com o objetivo de interpretar nas dinâmicas da cultura urbana os possíveis fenômenos sociais, lançando mão de estudos etnográficos e análises antropológicas. Iniciou seus estudos fotográficos como autodidata no Sindicato dos Químicos, em 1997. Escolheu a temática da Cidade & Fotografia em 2006, quando passou a frequentar a Faculdade de Ciências Sociais da Escola de Sociologia e Política, e as disciplinas de Antropologia Visual e Sociologia da Cidade, na Universidade de São Paulo (USP), como aluna ouvinte.
Mais informações sobre Carla Bispo em www.flickr.com/people/rascunhos/

07 dezembro 2009

Pré-requisitos da fotografia digital

foto ©2007 Clicio Barroso
Requisitos técnicos para as aplicações e segmentos da fotografia profissional
Com o advento da fotografia digital, muitas dúvidas surgiram, e algumas continuam perturbando profissionais e não-profissionais. Nos mais diversos segmentos da fotografia o fluxo da imagem acaba sendo bem diferente do que era com filme, e as responsabilidades do fotógrafo aumentam. 
Como capturar a imagem? Como convertê-la para o formato correto de saída? Em que resoluções? É necessário um arquivo enorme para jornais? E para um artista, há limites? Ter um notebook ou um netbook? Como editar e onde? Guardar as imagens em que formato? Em que mídia? Por quanto tempo?
Na realidade a captura em Raw nos parece a mais indicada para processos que necessitam de alta qualidade, como publicidade, moda, catálogos e imagens que serão impressas em gráficas offset; por outro lado, se a intenção final do fotógrafo social ou de eventos é a simples impressão em minilab para a confecção de álbuns, books, onde o produto final é a cópia fotográfica, e poupar tempo faz parte do negócio, então uma saída em JPEG pode ser a mais indicada.
No fotojornalismo, por outro lado, os limites são de tempo (muitas vezes é imediato) e transmissão, onde arquivos mais leves são de suma importância; considerando-se que a lineatura de jornais no Brasil costuma ser de 85 LPI e o arquivo necessário deve ter por volta de 170 DPI, não são realmente necessários milhões e milhões de pixels para se obter uma boa imagem impressa.
Já para a internet, o padrão sRGB se tornou comum, e como as imagens vão ser vistas em tela, não há muito o que errar; o que se vê é o que se vai ter como produto final.
 Mas minilabs serão a melhor solução?
Na Europa e Estados Unidos, o que se tornou padrão é a compra de impressoras jato de tinta de altíssima resolução e que usam oito, doze ou mais tintas te tonalidades diferentes. Quando impressas em papéis especiais de algodão ou de qualidade fotográfica, os resultados (especialmente em preto e branco) são excelentes, e muitas vezes melhores que as impressões fotográficas convencionais, de gelatina de prata.
E o custo? 
Vem caindo mês a mês, e o preço por cópia já pode ser comparado ao das cópias em minilab caso se incluam no custo as despesas de envio e recebimento, e o tempo que se perde ao se utilizar um laboratório externo.
Mas não podemos falar de saídas digitais sem falar em gerenciamento de cor; uma noção segura é imprescindível para que as cores vistas em seu monitor sejam exatamente as mesmas que serão impressas. E para isso, a calibragem do monitor, os perfis ICC, o acompanhamento em laboratório ou gráfica quando possível tornam os resultados mais previsíveis.
O armazenamento das imagens, por outro lado, se torna cada vez mais oneroso, já que inúmeros backups são necessários para que se tenha segurança dos dados. Como organizar um banco com milhares de fotos? O que é realmente necessário e o que pode ser apagado? Como achar uma foto entre muitas?

Vamos responder algumas destas questões abaixo, em formato de guia básico.

As principais categorias de fotografia comercial, e as diversas demandas

• Publicidade – qualidade
• Moda – versatilidade
• Fotojornalismo – velocidade
• Natureza – portabilidade
• Eventos sociais – praticidade
• Casamentos – confiabilidade

Necessidades comuns a todas as categorias:

• Conhecimento do processo fotográfico
• Conhecimento do processo digital
• Conhecimento de computação gráfica
• Estabelecer fluxo rápido e seguro
• Segurança pós-captura
• Backups seguros e duplicados
• Conhecimento prévio da saída
• Gerenciamento de cores
• Necessidade de indexação (keywords e copyright)
• Necessidade de arquivamento
• Cobrar preço justo pelo trabalho
A PUBLICIDADE
Demanda: – qualidade total
• Conhecimento profundo do processo digital
• O pensar digitalmente e o agir digitalmente
• Conhecimento de gerenciamento de cores
• Necessidade de altíssima resolução
• Tempo não é fator importante; qualidade sim
• Pós produção obrigatória (tratamento em sistema)
• O fator conversões RGB-CMYK-Obrigação da agência
• O fator arquivamento, catalogação e backup
Pré requisitos necessários:
• Equipamento de ponta – Tamanho do CCD, tamanho do pixel, resolução, qualidade óptica das objetivas.
• Estação de tratamento de imagem – Processadores quad core de 64 bits, muita memória RAM, muita memória em disco e monitores calibrados.

Equipamentos sugeridos:

• Back digital acoplado a workstation no estúdio.
• Câmeras de médio formato digitais.
• Formato de captura do arquivo: RAW (16 bits).
• Formato de saída do arquivo: TIFF 8 bits
• Espaço de cor: Adobe RGB ou maior (Prophoto RGB, Color Match RGB)
A MODA e o BOOK

Demanda: – versatilidade

• Conhecimento do processo digital
• Necessidade de soluções de captura portáteis
• Noções de gerenciamento de cores
• Necessidade de média resolução
• Tempo é fator importante; qualidade também
• Pós produção obrigatória (tratamento de pele)
• O fator conversões sRGB – AdobeRGB
• O fator arquivamento

Pré requisitos necessários:

• Equipamento DSLR – Velocidade de captura, tamanho do buffer, velocidade de gravação e leitura do cartão, média resolução, qualidade óptica.
• Estação de tratamento de imagem – Processadores de velocidade alta, boa memória RAM, boa memória em disco e monitores calibrados.

Equipamentos sugeridos:

• Câmera DSRL de 12 ou mais Mp.
• Grip com baterias extras.
• Notebook e HDs externos.
• Formato de captura do arquivo: RAW (16 bits).
• Formato de saída do arquivo: TIFF ou JPEG_high 8 bits
• 
Espaço de cor: Adobe RGB ou maior (Prophoto RGB, Color Match RGB)

O JORNALISMO e o DOCUMENTAL

Demanda: – velocidade

• Conhecimento do processo jornalistico e editorial
• Soluções de captura rápidas
• Soluções de transmissão rápidas, como o Wi-Fi
• Necessidade de buffer grande e grip
• Necessidade de média resolução
• Tempo é fundamental; qualidade desejável
• Pós produção mínima
• O fator indexação (metadados), arquivamento

Pré requisitos necessários
:

• Equipamento DSLR – Grande velocidade de captura, grande tamanho do buffer, alta velocidade de gravação e leitura do cartão, média resolução, durabilidade do equipamento.

• Transmissão – Métodos rápidos de transmissão, wireless

Equipamentos sugeridos:

• Câmera DSRL de 8 ou mais Mp.
• Grip com baterias extras.
• Vários cartões de memória
• 
Formato de captura do arquivo: RAW + JPEG.
• Formato de saída do arquivo: JPEG em 8 bits
• Espaço de cor: Adobe RGB ou sRGB
A NATUREZA e as VIAGENS

Demanda: – portabilidade

• Conhecimento do processo fotográfico
• Soluções de captura seguras
• Soluções de armazenamento confiáveis
• Necessidade de equipamento leve
• Necessidade de média/alta resolução
• Tempo não é fundamental; qualidade sim
• Pós produção mínima-notebook leve
• O arquivamento e transporte das imagens

Pré requisitos necessários

• Equipamento DSLR – Boa velocidade de captura, grande tamanho do buffer, alta velocidade de gravação e leitura dos muitos cartões, média/alta resolução, durabilidade do equipamento, leveza para transporte.

• Transmissão – Métodos seguros, como FTP.

Equipamentos sugeridos:

• Câmera SRL de 12 Mp ou mais.
• Grip com baterias extras.
• Vários cartões de memória.
• Digital Wallet e HDs externos.
• Formato de captura do arquivo: RAW.
• 
Formato de saída do arquivo: JPEG em 8 bits
• Espaço de cor: Adobe RGB

OS EVENTOS SOCIAIS

Demanda: – praticidade
• Conhecimento do equipamento de flash
• Soluções de captura rápidas
• Soluções de armazenamento descartáveis
• Necessidade de equipamento leve
• Necessidade de média/baixa resolução
• Registro é mais importante que a qualidade
• Pós produção mínima

Pré requisitos necessários
:

• Equipamento DSLR – Bom sincronismo com o flash, média velocidade de gravação e leitura do cartão, média resolução, durabilidade do equipamento.
• Transmissão – Métodos rápidos e seguros de transmissão e impressão

Equipamentos sugeridos:

• Câmera DSRL de 8 ou mais Mp.
• Vários cartões de memória
• Flashes dedicados de confiança.
• Baterias extras para flashes e câmera
• Formato de captura do arquivo: JPEG_high.
• 
Formato de saída do arquivo: JPEG em 8 bits
• Espaço de cor: sRGB

OS CASAMENTOS

Demanda: – confiabilidade

• Conhecimento do processo digital
• Soluções de captura portáteis e seguríssimas
• Noções de gerenciamento de cores
• Necessidade de média/alta resolução
• Conhecimento do equipamento de flash
• Soluções de armazenamento permanentes
• Necessidade de equipamento confiável
• Registro é tão importante quanto a qualidade
• Pós produção (scrap, álbuns, PBs, fotolivros, fotoprodutos)

Pré requisitos necessários
:

• Equipamento DSLR – Bom sincronismo com os flashes, alta velocidade de gravação e leitura do cartão, média/alta resolução, confiabilidade do equipamento.
• Armazenamento – Métodos rápidos e seguros.
Equipamentos sugeridos:
• Câmera DSRL de 12 ou mais Mp.
• Vários cartões de memória
• Flashes dedicados de confiança.
• Baterias extras para flashes e câmera
• 
Formato de captura do arquivo: RAW + JPEG.
• Formato de saída do arquivo: JPEG em 8 bits
• Espaço de cor: Adobe RGB

Como já foi dito no início, este é apenas um pequeno guia de procedimentos, já que as decisões são pessoais, e as responsabilidades do fotógrafo aumentaram; tenha sempre como parâmetro o UPDIG, um guia bem mais completo e universal.

05 dezembro 2009

Kodak agora aposta na impressão de fotos como principal tendência para 2010. Mas será que os consumidores concordam?
Stein (esquerda) e Farias vão apelar para o lado emocional de ter uma foto impressa

Quem entra no escritório da Kodak, localizado na agitada rua Fidêncio Ramos, em São Paulo, logo sente uma nostalgia. Fotos gigantes dos filhos dos funcionários espalhadas por todos os lados. Na sala central, cada baia é identificada por uma fotografia da infância do dono do espaço. Apesar dos esforços e dos US$ 4 bilhões investidos para se tornar uma companhia digital, a empresa ainda mantém viva suas origens. Mas a impressão ainda é sua grande aposta. De cada 100 fotos tiradas com câmeras digitais, 14 são impressas. Em 2010, o número de impressões vai crescer 5%, fato que não ocorre há anos. "A Kodak tem o maior portfólio de comunicação gráfica do mundo", se orgulha Gilberto Farias, diretor-geral da Kodak do Brasil. Mas como convencer o consumidor a voltar ao tempo das fotografias estampadas em papel? "Apelando ao seu lado emocional", diz Emerson Stein, diretor-geral de vendas. "Com a captura digital, o valor sentimental da imagem se quebrou", complementa Farias, com um porta retrato digital em sua mesa.

Após registrar perdas contínuas com o avanço da fotografia digital, a Kodak foi obrigada a se reinventar. Entre 2003 e 2007, investiu bilhões na aquisição de empresas. Desse total, US$ 2,6 bilhões foram destinados ao grupo de comunicações gráficas. Hoje, a divisão representa 35% da receita total, de US$ 9,4 bilhões. Além de fabricar impressoras e papéis especializados, a empresa ainda oferece o serviço de terceirização de impressão. "A tendência desse mercado é cair. As pessoas estão substituindo o uso do papel para cortar custos", alerta o analista Ivair Rodrigues, da consulto- ROBERTA NAMOUR Kodak ria IT Data. É o caso do DDA, sistema que aposenta a emissão e envio de boletos para o pagamento de contas, implantado pelos bancos em outubro. Muitos consumidores preferem também guardar suas fotos em sites de compartilhamento de fotografia, como o Flickr, do Yahoo.

A crença no papel é tanta que até ex-funcionários admitem que a companhia está no caminho certo. É o caso do argentino Fernando Bautista, antecessor de Gilberto Farias na direção- geral no Brasil. "São negócios rentáveis e com escala, razões pelas quais acredito que o futuro da Kodak seja sustentável", afirma Bautista, que hoje é gerente-geral da Moisac, uma multinacional da indústria química. Para difundir a cultura da impressão, a empresa tem feito um trabalho de catequização do mercado. Centenas de quiosques da Kodak espalhados pelo Brasil procuram reaproximar o consumidor da velha prática da revelação. Em dezembro, uma campanha publicitária da companhia entra no ar com mensagens sentimentais. A empresa garante que o avanço dos equipamentos eletrônicos não representa nenhuma ameaça para seus planos. Nem o celular. A capacidade de definição de imagens dos telefones móveis está cada vez mais próxima das câmeras digitais. A Samsung lançou recentemente um aparelho com câmera de 12 megapixels, o que permite fazer uma ampliação de 50 x 60 cm com qualidade. "Quanto mais cliques, mais clientes em potencial para a impressão de fotos", afirma Stein. No ano passado, a Kodak fez uma parceria com a Motorola para lançar um celular em conjunto. Para aumentar o número de cliques e estimular a venda de câmeras digitais no País, a empresa encontrou uma fórmula para tornar os aparelhos mais acessíveis.

O Brasil é o único país fora a China a ter uma fábrica de câmeras digitais da companhia. A fabricação local permitiu à empresa trazer ao mercado câmeras de alta tecnologia com funções simples e preços baixos. Aparelhos de 8 megapixels custam R$ 399. "Sempre acreditamos no potencial do mercado brasileiro", diz Farias. "O retorno virá em serviços", acrescenta. Antes, porém, a Kodak terá de convencer o consumidor a voltar no tempo.

FONTE: http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/635/artigo157743-2.htm

20 novembro 2009

Brasil inspira calendário Pirelli 2010, com fotos de Terry Richardson

da Efe, em Londres

O Brasil e suas belezas naturais, vistas através das lentes do fotógrafo americano Terry Richardson, inspiram a edição 2010 do lendário calendário Pirelli, apresentado hoje em Londres.

Depois da China, imortalizada por Patrick De Marchelier na edição de 2008, e Botsuana, retratada por Peter Beard para 2009, 2010 é o ano do Brasil e do fotógrafo americano, conhecido por sua obra provocativa.

A 37ª edição do calendário foi apresentada em grande estilo no antigo mercado de pesca de Old Billingsgate, um histórico edifício do século 19 situado na parte leste de Londres.

A modelo Rosie Huntington em sessão de fotos para o calendário Pirelli 2010, com o fotógrafo Terry Richardson

Em 30 imagens, modelos como as brasileiras Ana Beatriz Barros e Gracie Carvalho, além de estrelas das passarelas como a australiana Miranda Kerr, aparecem em um contexto selvagem ou em praias exóticas.

Richardson quis fazer uma fotografia singela e pura na qual, segundo especialistas, a naturalidade domina.

"Um grande fotógrafo captura o momento; é essa a razão pela que fiz as fotos sem um equipamento extraordinário e sem ajudantes", afirma o americano em comunicado.

"Minha técnica se baseia na ausência de técnica: a lente é meu olho, meu carisma, minha habilidade para capturar momentos de verdade. Esses sempre foram os aspectos fundamentais da minha obra", acrescenta.

Além de Ana Beatriz, Gracie e Miranda Kerr, participam do mais novo calendário Pirelli as australianas Catherine Mcneil e Abbey Lee Kershaw, a húngara Eniko Mihalik, a holandesa Marloes Horst, as britânicas Lily Cole, Daisy Lowe e Rosie Huntingdon, e a sérvia Georgina Stojilijtoric

19 novembro 2009

Por Danilo Siqueira no Let's Blogar

Será o futuro da Fotografia?

por Danilo Siqueira, no Let's Blogar

Será que a autora de Harry Potter já estava prevendo o futuro quando em seus livros da série descreve os porta-retratos, revistas e jornais com as pessoas em movimento em vez de fotos estáticas? Um bom exemplo disso “na vida real” é o “papel digital” que a revista Esquire usou na capa da sua revista em outubro de 2008.

Agora se isso mesmo virar uma tendência, e se o futuro for o “papel digital”, a gente pode esperar revistas e livros muito mais interessantes e interativos. Mas sendo assim qual será o papel da fotografia nessa história, ela deixa de existir? Talvez não, mas com a evolução das câmeras que estão virando excelentes filmadoras tb, acho que o fotógrafo vai ter que ir muito além do click estático. Um bom exemplo para tudo isso que estou falando é o vídeo que o fotógrafo Alexx Henry fez para mostrar como pode ser esse futuro não tão distante. Ele fez um ensaio fotográfico/multimídia para a revista Outside aonde será usado apenas um frame, mas aproveitou para simular o futuro, o resultado é muito interessante:

Em contra partida o fotógrafo Armando Vernaglia pergunta, a fotografia morreu (não deixe de ler esse texto que ilustra muito bem como está a situação da fotografia atualmente)

Fica aí a dica para a gente pensar no futuro da fotografia…

UPDATE: Leia um ótimo artigo “Para onde caminha a fotografia” publicado no blog do fotógrafo Clicio Barroso.

Dica do vídeo do Henrique Manreza.

Por clicio em 19 de novembro, 2009, no seu PHOTO NEWS

Para onde caminha a Fotografia?

©2009 Lost Art

“Para onde caminha” foi originalmente publicado na revista Photo Magazine.

O surgimento da tecnologia digital consolidou definitivamente a inevitável popularização da fotografia, hoje presente em aparelhos multifuncionais como os smartphones, permitindo que virtualmente qualquer um possa se tornar fotógrafo. E aí nasce o problema; como qualquer um um pode, todos acham que o são.
Por outro lado, para muitos a fotografia massificada não é problema, e sim solução. Explico; a indústria fotográfica global continua se expandindo, as vendas não param de crescer, novos grandes negócios relacionados a fotografia surgem todos os dias, como softwares específicos, impressoras e data-centers; os serviços também vão muito bem, obrigado; é só ver o que está acontecendo com os fotolivros, scrapbooks e fotoprodutos, por exemplo. A tecnologia permite câmeras cada vez mais espertas, com o reconhecimento de faces ou de sorrisos; errar a exposição de uma foto é hoje praticamente impossível. A chamada “banalização” da fotografia pode ter sido fator de dificuldade para o fotógrafo profissional, mas de modo algum foi ruim para a fotografia.
Para o usuário comum, quanto mais gente usando tecnologia fotográfica melhor, pois desta forma a concorrência entre os produtores de equipamentos e insumos faz com que os preços caiam e estes se tornem acessíveis a curto prazo, estimulando a pesquisa de novos produtos e o aprimoramento daqueles já existentes.
Isso posto, vamos aos fotógrafos profissionais, que tanto reclamam da massificação das imagens.
A idéia errônea que a fotografia profissional esteja agonizante é apenas fruto da desinformação e falta de estratégia daqueles que inutilmente reclamam. Nunca a fotografia foi tão requisitada quanto agora; as publicações impressas e eletrônicas se multiplicaram, a necessidade de novas imagens é uma demanda constante, o fotógrafo tem hoje uma evidência impensável há alguns anos, muitos com status de verdadeiras celebridades. Sim, admitindo-se que o número de fotógrafos também se multiplicou, parece que a concorrência é maior, mas essa impressão se torna falsa quando confrontada com a verdadeira essência da fotografia profissional, que é a qualidade. Poucos conseguem entregar trabalhos com a qualidade exigida na fotografia comercial simplesmente porque para se alcançar este nível é preciso estrutura, não apenas física (espaço adequado, equipamentos de ponta) mas também comercial (empresa aberta e legalizada, impostos pagos), e pessoal (formação acadêmica e prática, estudo constante, visão de futuro). Quem imagina que vai se destacar nesse mercado cada vez mais competitivo somente com seu “olhar” ou sua “arte”, está fadado ao fracasso.
Rio de Janeiro | Foto: Garapa
Segmentando as categorias que mais reclamam, notamos que:
1-) Muitos dos publicitários, que antes eram considerados o topo da pirâmide social da fotografia comercial, apesar de rápidos em migrar para a tecnologia digital, se ressentem da falta de adaptação às novas mídias, e não conseguem a mobilidade necessária para utilizar as novas ferramentas de marketing eletrônico adequadamente. Outros não admitem a perda de status para profissionais que anteriormente eram a base da pirâmide, mas hoje são os que mais faturam e melhor se promovem. E outros, infelizmente, demoraram muito para perceber a radical mudança de paradigmas imposta pelo digital, e foram atropelados por ela.
Paradoxalmente porém, a fotografia publicitária continua pagando clicks com números de seis dígitos àqueles que souberam aproveitar o momentum e se adaptaram mais rapidamente, integrando 3D, ilustração e tratamento de imagens ao seu arsenal digital. Esses estão muito bem, obrigado. Há também os que montaram fábricas de imagem, para atender aos clientes de varejo. Contanto que se garanta uma carteira de clientes razoável (quem tem um, não tem nenhum), é tiro certo, apesar de não exigir criatividade nem possuir glamour. Mas é “big business”.
2-) A maioria dos fotógrafos editoriais de revistas se queixam que as grandes reportagens e viagens simplesmente acabaram. Que o que se paga por página ou por saída é ridículo. Que a concorrência com os bancos de imagens é desleal.
Sim, aquelas viagens subsidiadas pelas editoras, os “trens da alegria” dos anos 80/90 realmente acabaram. Mas tem muita gente boa que continua produzindo e publicando; Ig e Louise do LostArt, o Izan Peterle, o Luciano Candisani. A diferença é que a forma de negociar mudou; ao invés de passivamente esperar ser chamado para a matéria, estes fotógrafos ativamente propõe as pautas das matérias, muitas vezes arriscando ao produzir ensaios durante suas viagens pessoais. Despertam o desejo de compra dos editores. Conseguem preços melhores. Se a matéria não emplaca, enviam o material aos bons bancos de imagens. Fazem exposições. Publicam livros. Não ficam sentados esperando o telefone tocar…
©2009 Cia de Foto
Quanto aos fotógrafos de moda/beleza, a compreensão de que não basta ser bom fotógrafo, mas também entender de moda, psicologia, sociedade, direção, cinema e arte acaba afastando os mais novos de uma área que na verdade dá muito trabalho e quase nenhum glamour; não basta ser fotógrafo de book ou de desfiles para ser fotógrafo de moda editorial. Quando as limitações se tornam aparentes, os menos persistentes desistem, aumentando a legião das vozes descontentes.
3-) Os fotojornalistas e ensaístas documentais de sucesso hoje, ou são ou serão multimídia. A convergência da fotografia estática com a imagem em movimento já é realidade nas novas câmeras fotográficas que também gravam vídeos em FullHD; e como vídeo pressupõe som, roteiro, edição e divulgação on-line, o que é impossível de se fazer sozinho (comercialmente), uma equipe para que se dividam as tarefas é necessária. Quem sai com vantagens, nesse caso, são os coletivos fotográficos como o Garapa e a Cia de Foto; além do domínio da tecnologia aliado à formação acadêmica, as várias cabeças pensantes acabam conseguindo soluções mais inteligentes para problemas fotográficos complicados, e contam as histórias que precisam ser contadas com mais abrangência, muitas vezes transmitindo imagens e vídeos em “real time”, pela Internet.
4-) Por fim, o chamado “fotógrafo social”, que envolve desde o amador que faz um bico no fim de semana até as grandes empresas de fotos de formatura, são 85% dos profissionais de fotografia no Brasil. Dentro deste universo, a fotografia de casamento é a que mais cresceu e se renovou, transformando uma classe antes desprezada em topo da escala. Cobra-se muito bem. Equipes são dirigidas com os mais modernos aparatos tecnológicos. Técnicas de marketing, vendas, fidelização e branding são usadas com maestria. O antigo “casamenteiro” deu lugar a um novo profissional que viaja muito, é internacional, culto e tem visão empresarial dinâmica. Um bom exemplo é do mineiro Vinicius Matos, que já estendeu sua área de atuação para a América Latina, fotografando e ministrando workshops sobre fotografia de casamentos em vários países.
©2009 Vinicius Matos
Em todas as categorias, o pressuposto é que o fotógrafo atuante tenha completo domínio de pré e pós produção digital, e que produza regularmente trabalhos pessoais, o que sempre resulta em subsídios importantes para a melhoria do trabalho comercial.
A conclusão é clara.
O romantismo idealizado do fotógrafo solitário, desplugado, artista e senhor das técnicas ocultas está ultrapassado, desmoralizado e foi substituído por quem está disposto a trabalhar colaborativamente, que conhece e utiliza todo o poder imediato de disseminação viral permitido pela Internet, que entende perfeitamente o trinômio técnica+criatividade+marketing e que sabe cobrar o preço justo pelo seu trabalho.
O resto é história.
Update 01: Este artigo está diretamente relacionado aos equivocos do aprendizado fotográfico.
Update02: Danilo Siqueira também está discutindo o assunto em seu “Let’s Blogar”

27 outubro 2009

Por uma autoimagem digna

Fotografia como instrumento de inclusão social
Retratos para Todos | Fotografia como alento à autoestima
Help-Portrait é uma iniciativa do fotógrafo e artista gráfico norte-americano Jeremy Cowart .
Cowart propõe que, no próximo dia 12 de dezembro, fotógrafos do mundo inteiro reunam-se em suas cidades para fotografar pessoas que não têm como dispor de registros fotográficos de si próprias ou de suas famílias . Moradores de rua, de asilos, órfãos, pacientes hospitalizados. Pessoas, enfim, com uma carência tão específica como a de uma autoimagem digna podem ser encontradas em todas as partes.
No vídeo que explica a proposta do projeto (veja abaixo), Cowart deixa claro que não se trata de exibir portfolios ou de promover o trabalho de fotógrafos , mas de usar a fotografia como instrumento de inclusão social . A ideia é ajudar as pessoas a encontrarem beleza em si mesmas e na realidade em que estão inseridas. Os organizadores do Help-Portrait querem conhecer os laços que unem essas pessoas e as histórias que elas têm para contar.
Para participar :
- Crie uma conta
- Pesquise se sua cidade já possui um grupo no Help-Portrait -- se não houver, você pode criá-lo .
Em seguida, articule-se com pessoas de sua cidade (convide outras) , escolha comunidades ou instituições para visitar . Os voluntários dessa iniciativa em cada localidade -- a quem Cowart chama de "exército de criativos" -- são incentivados a organizarem-se de modo a fazer dessas sessões fotográficas coletivas um evento especial. Ele sugere que cada um desses grupos articule-se de modo a obter doações em alimentos , bebidas , impressoras , papel fotográfico, etc..
Vamos lá ? Ajudar pessoas a encontrarem beleza em si mesmas e em suas realidades é mais simples do que parece.

12 outubro 2009

The Magic of Photoshop

06 outubro 2009

Inventores da fibra óptica e câmera digital ganham Nobel

Fonte: estadao.com.br

ESTOCOLMO - Três pesquisadores que criaram a tecnologia responsável pela fotografia digital e ajudaram a diminuir as distâncias do mundo por meio de redes de fibra óptica dividiram o prêmio Nobel de Física de 2009. O anúncio da categoria foi feito hoje, em Estocolmo, na Suécia.

O cientista Charles K. Kao foi agraciado por seu trabalho na inovação em matéria de transmissão de luz através de fibras ópticas. Já Willard S. Boyle e George E. Smith venceram por inventar um circuito semicondutor de imagens conhecido como sensor CCD. A Academia Real das Ciências da Suécia, responsável pelo Nobel de Física, informou que os três possuem cidadania norte-americana. Kao, que nasceu na China, também é cidadão britânico. Boyle também possui cidadania canadense.
O prêmio de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,4 milhão) será dividido pelo trio. Kao receberá a metade, enquanto Boyle e Smith ficam com 25% cada um. Os três receberão um diploma e um convite para a cerimônia de entrega dos prêmios em Estocolmo, em 10 de dezembro.
Kao nasceu em Xangai e vive na Grã-Bretanha. Ele foi citado pela sua descoberta, em 1966, que mostrou como transmitir luz a grandes distâncias por cabos de fibra óptica, o que se converteu na espinha dorsal das modernas redes de comunicação, que possibilitam telefonemas e a transmissão de dados pela internet em alta velocidade pelo mundo.
Boyle e Smith trabalharam juntos para inventar o dispositivo de cargas interconectadas (CCD, na sigla em inglês), o olho da câmera digital em todos seus modelos, desde a fotográfica mais barata ao instrumento cirúrgico delicado de alta velocidade.
Em seu comunicado, a academia notou que Boy e Smith "inventaram a primeira tecnologia de imagens bem-sucedida utilizando um sensor digital, um CCD. A tecnologia CCD usa o efeito fotoelétrico, como teorizado por Albert Einstein e pelo qual ele foi agraciado em 1921 com o Prêmio Nobel".
A dupla, trabalhando nos Laboratórios Bell, em Nova Jersey, desenhou um sensor de imagem que poderia transformar a luz em um número grande de pontos de imagem, ou pixels, em pouco tempo. "Revolucionou a fotografia, já que a luz poderia ser agora capturada eletronicamente em lugar de se fazer em película", completou a academia.

27 setembro 2009

Os equívocos do aprendizado fotográfico.

10/05/2009 por clic!o em Clic!o Photo News
Patricia. Breu 2008, por Clicio
Pode-se ensinar fotografia de três modos; o técnico (prático), o conceitual (teórico), e o filosófico (semiótico).
Para quem faz da fotografia o seu meio de expressão, as três abordagens andam de mãos dadas, logo há de se ter um certo domínio de todas (além de cultura geral; visitar muitos museus, galerias, livros e praticar a reflexão). Para quem quer apenas discutir fotografia, os conceitos e a filosofia são prioritários. Para quem quer fotografar comercialmente, a prioridade é a técnica.
O que se observa, porém, é a exclusão do “não-prioritário” na formação dos fotógrafos; os ensinadores teóricos acabam desprezando as técnicas mais elementares em favor da linguagem; os filosóficos admiram, por vezes com evidente inveja, os talentosos, mas conceituam a fotografia realizada de forma abstrata, distante; e os técnicos se aprofundam nos tecnicismos, nos mais ínfimos detalhes de equipamentos que muitas vezes nem chegam a ser usados.
Esta evidente separação do que deveria ser uno, gera as distorções de percepção que temos visto tanto em quem ensina, quanto em quem aprende. Ensinar técnica fotográfica sem se preocupar com a linguagem? Qual das técnicas? Cada ramificação da fotografia requer um tipo diferente de aproximação! Passo-a-passo com exercícios repetidos de situações “reais”? O aluno se transforma em um macaquinho treinado, que vai repetir o que aprendeu pelo resto da vida, se tornando inoperante em situações que sejam diferentes do “usual”.
Na outra ponta, uma fotografia teorizada, idealizada, ensinada por quem mal sabe fotografar, acaba por vezes distanciando o estudante do que é realmente fotografar, frustrando e por vezes deixando perplexo aquele que consegue pré-visualizar o resultado, mas não consegue executá-lo.
Tenho como certo que, quaisquer que sejam as pretensões de quem quer aprender, a sua fotografia só pode se beneficiar se os três fatores estiverem em equilíbrio e as prioridades bem definidas; e isto requer tempo. Tempo de absorção, de reflexão, de treinamento, de escolha de caminhos.
Quem faz um curso, workshop ou consultoria de fim-de-semana e “acha” que vai sair dali fotógrafo, está se enganando, ou sendo enganado.
Quem faz um curso acadêmico absolutamente teórico, por mais longo que seja, e “acha” que vai sair fotógrafo, também está se enganando.
Correndo o risco de ser repetitivo, teoria, prática e o porquê da fotografia *não são excludentes*, e sim a base para se chegar a algum lugar. O estudante que souber enxergar isso mais cedo, vai conseguir apurar o seu olhar, a sua técnica e a sua cultura fotográfica de maneira mais consistente.
Nada mais chato do que aqueles que entendem tudo de equipamentos, mas não possuem um olhar fotográfico. Fotografam mal.
Nada pior que aqueles que só citam os “nomes certos”, e justificam a sua fotografia medíocre com filosofias (da Caixa Preta, da Camara Clara, do Rato Cinza, pouco importa).
Claro que tudo isto se torna absolutamente irrelevante para quem nasce com talento.
Mas esses são muito raros…

Homenagem a São Cosme e São Damião

© Foto Adenor Gondim - tarde de 27.09.2003
"Cosme e Damião e ao fundo foto de uma família de romeiros em estúdio de rua na Romaria do Bom Jesus da Lapa. Esta foi uma das três primeiras fotos digitais que fiz. Foi feita para homenagear os santos mabaços." Adenor Gondim

Hoje é dia de São Cosme e Damião. Os santos canonizados pela Igreja Católica são adultos, irmãos, não necessariamente gêmeos. Só que na Bahia o encontro entre catolicismo e candomblé os transformou em meninos que gostam de caruru acompanhado de tantas outras iguarias.

Além disso, este aspecto da religiosidade popular criou um rico repertório cultural com cânticos, a famosa ladainha e o samba que costuma acompanhar o antes e depois da distribuição da comida. Tanto na capital como no interior é dia dos devotos agradecerem a proteção dos santos recebendo em casa os seus convidados para partilhar um banquete.

Esta preservação do culto a divindades infantis trazido pelos africanos foi tão forte que alcançou o altar católico. Esta sacralização da infância, pode ser vista nos estudos do doutor em antropologia e professor da Ufba, Vilson Caetano. O pensamento da Igreja sobre este aspecto da religiosidade popular e a subversão dos códigos do comportamento ocidental à mesa que toma conta deste rito, afinal os meninos comem primeiro, o quanto quiserem, de mão, e por aí vai.

Este domingo será de muito caruru e doces por esta Bahia de todos os encantados, inquices, orixás, santos e voduns.

Saudações aos meninos.

26 setembro 2009

A coerência cirúrgica de Loretta Lux

26/09/2009 por clic!o em Clicio Photo News
© Loretta Lux, Courtesy Yossi Milo Gallery, New York and Torch Gallery, Amsterdam
Há alguns poucos momentos na vida que se tornam rupturas, iluminações, upgrades sensoriais.
Hoje estou vivendo um deles.
Após ter me admirado por anos com o intrigante trabalho da misteriosa Loretta Lux, cheio de signos, carregado de nostalgias e estranhamento, tive a rara felicidade de me sentar na primeira fila para assistir a uma entrevista inédita da fotógrafa alemã, no auditório da Casa de Cultura, no Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco.
Cercada de reservas desde sua chegada, preferiu ficar fora da cidade, isolada; não se deixa fotografar, prefere calar-se, veste-se discretamente. Seu biotipo mignon, cabelos escuros, a antítese do estereótipo alemão, a transformam em transparente, invisível, despercebida, mesmo passeando pelas praças centrais da cidade de Paraty; a facilidade com que aceitou o convite para a entrevista no Brasil, avessa que é a falar sobre si mesma ou sobre seu trabalho, além de surpreendente, aumentou a já transbordante curiosidade sobre o que aconteceria de fato quando as perguntas do inteligente entrevistador Eduardo Muylaert se iniciassem no teatro lotadíssimo de fotógrafos.
E o momento chegou com um início bizarro e aparentemente enfadonho, já que com um calhamaço de papéis nas mãos e um inglês carregado, Loretta começa a descrever sua infância asséptica e desprovida de diversões em uma Dresden conhecida na Alemanha pré queda do muro como a “cidade dos esquecidos”, por não captar nem o sinal de televisão do lado ocidental. Nos conta como essa criança cinza, triste, teve a sorte de contar com avós pobres mas cultos, que nela despertaram o gosto pelos retratos clássicos, especialmente pela pintura maneirista da segunda metade do século XV europeu, o que vai ser fator determinante na estética da artista que viria a ser.
E pouco a pouco, envolvida pelo absoluto silêncio da platéia, a narrativa se mostra reveladora e fascinante.
Durante uma hora e meia, com uma cadência compassada e desprovida de sinais de emoção, a fotógrafa percorre um caminho que começa pessoal, explicando sua fuga da Alemanha oriental e sua formação em artes, continua profissional definindo sua opção pela fotografia como meio de expresão, já que a pintura é “complicada e bagunçada”, e segue por uma viagem magnífica através da história da arte daquele período final do renascimento. Tudo ilustrado com a projeção das obras dos artistas da época, principalmente os retratos de crianças, em contraponto a algumas de suas fotos mais recentes. A semelhança entre os trabalhos torna-se patente, incluindo as referências mais evidentes como o simbolismo, as proporções menos convencionais, o ponto de vista baixo, o cuidado com as cores e seus significados psicológicos e estéticos.
Com a sequência da projeção de suas fotos mais conhecidas, segue-se uma análise cuidadosa de suas possíveis interpretações e possibilidades, e logo torna-se clara a auto-referência, com alusões poéticas aos sonhos, aos desejos infantis de escapar para o mundo adulto, e ao paradoxo do universo adulto em sua constante busca pela volta a infância. Fala de sonhos, novamente de símbolos, de inocência; fala de técnica apoiada no tripé pintura/fotografia/digital; e da construção precisa e determinante de cores, posturas, gestos, figurinos, paisagens de fundo, na arquitetura milimetrada da imagem produzida; fala do tempo e do relacionamento com as crianças fotografadas, sempre com a postura ereta, com a voz firme e segura, com dignidade reservada. A transparência da narração, a coerência do discurso frente as imagens, o embasamento psicológico, histórico, artístico e acadêmico, e a impossível disassociação de autor/obra, agora absolutamente evidente, tornam a minha experiência emocionante.
Loretta Lux acaba de mudar minha vida.

Entrevista | Loretta Lux

Eduardo Muylaert - 12 julho 2009

A artista alemã Loretta Lux é uma das convidadas internacionais do 5º Paraty em Foco e Eduardo Muylaert irá entrevistá-la sobre o tema Inocência e Desconforto.

Confira aqui uma entrevista que Muylaert fez com Loretta para o blog do Paraty em Foco. É uma prévia de uma das convidadas mais esperadas do Festival.

Loretta Lux
Self-portrait, 2007
Fujiflex Print
© Loretta Lux, Courtesy Yossi Milo Gallery, New York and Torch Gallery, Amsterdam
Loretta Lux
At the Window, 2004
Ilfochrome Print
© Loretta Lux, Courtesy Yossi Milo Gallery, New York and Torch Gallery, Amsterdam

1. Seu tema é realmente a infância e seu mistério, como escreveu Francine Prose ? Seu trabalho é relativo ao passado, presente e/ou futuro? (Francine Prose, no ensaio introdutório “Retratos Imaginários” , Loretta Lux, Aperture, 2005).

Meu tema é o desamparo do homem no mundo, o absurdo da existência humana. Crianças são um sub-tema. Meu trabalho se refere tanto ao passado como ao futuro; o presente é difícil de apreender. Você não consegue se encontrar no presente, embora muita gente vá nessa direção. Um ser humano se define através de suas experiências passadas e de seus objetivos para o futuro. Num criança você pode ver pistas do adulto que se tornará, e no adulto você vai encontrar traços da criança que ele costumava ser. As experiências da primeira infância formam uma pessoa mais do que qualquer outra coisa. Isso é o que a infância torna tão interessante para mim. Também, é ótimo trabalhar com crianças. Elas não tem expectativas prévias e não se preocupam com as aparências.

2. Se Velázques, ou Goya, ou Rubens, estivessem vivos, você supõe que eles se reconheceriam no seu trabalho?

Se eles estivessem vivos hoje, provavelmente fariam um trabalho diferente.

3. É verdade que seu estúdio é bem descomplicado, que você não usa muitos tipos de iluminação, que você acha que às vezes um pequeno toque é a técnica mais efetiva para o aperfeiçoamento digital do trabalho? Então, como você chega a uma tão sofisticada e mágica arte do retrato?

Sim, meu estúdio é realmente descomplicado. Nos primeiros anos, eu nem tinha iluminação de estúdio e só usava luz natural. Eu ainda acho que a luz natural é a mais bonita, mas nem sempre tenho paciência de esperar pela perfeita situação de luz. É por isso que uso luz artificial agora. Quanto ao trabalho digital, eu apenas levo bastante tempo. Vejo as imagem em progresso e comparo os diferentes estágios. Gosto de ter meu tempo e nunca corro com uma imagem. O motivo pelo qual muito da fotografia digital parece porcaria é porque freqüentemente é pesada, exagerada, e parece falsa a centenas de metros de distancia. Eu prefiro um trabalho sutil, bem pensado.

Loretta Lux
Isabel 1, 2009
Fujiflex Print
© Loretta Lux, Courtesy Yossi Milo Gallery, New York and Torch Gallery, Amsterdam
Loretta Lux
Portrait of Antonia, 2007
Ilfochrome Print
© Loretta Lux, Courtesy Yossi Milo Gallery, New York and Torch Gallery, Amsterdam

4. Philip Gefter (Photography after Franck, 2009) cita os “efeitos sobrenaturais” dos seus fundos. Jonathan Lipkin (Photography Reborn, 2005) situa seu trabalho no capítulo do “sublime tecnológico”, com sua “Dorothea, 2001” na capa do livro. Essas análises têm relação com as suas próprias percepções? Elas tem a ver com sua passagem da pintura para a fotografia? É uma passagem só de ida?

Sim, essas análises são excelentes. Estou muito satisfeita com elas. Passei da pintura para a fotografia porque não me dava bem com o processo físico da pintura, o manuseio dos materiais, tais como tinta, óleo e terebintina. Não é necessariamente uma passagem só de ida. Henry Cartier-Bresson deixou de fotografar aos 70 e voltou à pintura e desenho. Ele não teve o mesmo reconhecimento na pintura que teve nas suas fotografias, mas ele fazia o que queria fazer, e isso é o que conta. Pessoalmente, eu acharia difícil voltar para a pintura. O que eu gosto tão mais no meu atual processo de trabalho é que posso fazer dúzias de versões de uma imagem e salvar, comparar e retrabalhá-las como quiser. Com a pintura, não se pode retirar camadas e camadas de tinta tão facilmente. Pintura, em comparação, é complicada e bagunçada.

5. Michael Fried pergunta num livro recente “Porque a fotografia importa como arte como nunca antes?”(Yale, 2008). Você tem uma resposta para essa pergunta?

Eu não sei se ou porque a fotografia importa como arte como nunca antes; é só o titulo de um livro. Fotografia, com certeza, é largamente praticada e muito popular entre colecionadores. Fotografias são muito mais fáceis de produzir do que pinturas, mas é também mais difícil desenvolver seu próprio estilo como fotógrafo. Há uma imensa torrente de fotografias, especialmente as medíocres. Quanto a colecionar, fotografias são mais fáceis de cuidar do que pinturas ou esculturas. Elas requerem menos espaço, envelhecem melhor e normalmente são substituíveis. Também são reproduzidas melhor em livros e revistas.

6. O Time classificou você como um “fenômeno do mundo da arte”. Antes dos quarenta, seu trabalho já estava nos mais importantes museus e coleções, você tinha recebido os prêmios mais importantes e se tornado uma superstar no mercado da arte. Isso não é um pouco apavorante? Como você lida com a fama?

Estou encantada com o sucesso e honrada pelo fato de que tanta gente reage a e é capaz de se identificar com o trabalho. Na verdade comecei a fazer esse trabalho em 1999 quando encontrei meus marchands Yossi Milo e o hoje falecido Adriaan van der Have. Fico gratificada com o fato de que a reação ao meu trabalho tenha sido forte e positiva, e fico lisonjeada com os artigos e criticas nos Estados Unidos, America do Sul, Europa, Austrália, Nova Zelândia e nos outros lugares. Entretanto, meu objetivo não é o de agradar o público, mas o de fazer o trabalho de que gosto. Não crio trabalho especificamente para o mercado, mas principalmente para mim mesma.

7. Nós certamente vamos te mimar em Paraty. Por ora, você tem algumas impressões sobre o Brasil, sua natureza, seu povo, sua fotografia, seu mundo da arte?

Estou muito animada com a viagem ao Brasil. Já estive na Argentina e no Uruguai e gostei imensamente. Quero ver mais da America Latina. Imagino que o Brasil seja muito bonito.

Leia também o original da entrevista, em inglês: loretta lux

Loretta Lux
Sasha and Ruby 1, 2008
Fujiflex Print
© Loretta Lux, Courtesy Yossi Milo Gallery, New York and Torch Gallery, Amsterdam
Loretta Lux
The Drummer, 2004
Ilfochrome Print
© Loretta Lux, Courtesy Yossi Milo Gallery, New York and Torch Gallery, Amsterdam
Loretta Lux
The Waiting Girl, 2006
Ilfochrome Print
© Loretta Lux, Courtesy Yossi Milo Gallery, New York and Torch Gallery, Amsterdam

01 setembro 2009

Ratinhos músicos

A fotógrafa holandesa Ellen van Deelen, especialista em fotos que registram animais pequenos de perto, como insetos e aves, diz ter treinado seus ratos a posarem para ela segurando miniaturas de instrumentos musicais.
Os ratos Moppy e Witje se alternam como 'modelos' nas imagens de Van Deelen. Segundo ela, Moppy e Witje são 'atores natos', que entendem suas instruções na hora da foto.
A fotógrafa conta que sempre odiara ratos, mas que se apaixonou pelos animais quando descobriu que são 'inteligentes e limpos'. Conta ainda que o adestramento deles foi possível porque ela oferecia comida como recompensa.

31 agosto 2009

Blog Day 2009

É hoje o dia! Para quem não faz idéia do que seja, explico: dia 31 de agosto é considerado o "Dia Mundial do Blog". A data, divulgada por blogueiros do mundo todo, é uma referência à linguagem dos programadores, onde 3108 significa "blog". E como nos anos anteriores, neste 5º Blog Day, comemora-se de maneira bem ao estilo do compartilhamento que se espera da blogosfera, indicando cinco blogs que você gosta, lê, admira, etc. É uma forma bem legal de divulgar para os leitores, blogs que você descobriu, sejam eles novos ou não. Este ano a nossa lista é enorme, indicamos todos os blogs da nossa 'blogosfera', todos recém descobertos e, cada um, maravilhoso à sua maneira.

Os vencedores do "Nobel" da Fotografia

Prêmio Hasselblad de Fotografia
Uma exposição na Alemanha traz pela primeira vez as obras de todos os vencedores do prêmio Hasselblad de fotografia. O prêmio é dado anualmente a um fotógrafo de destaque pela Fundação Hasselblad, da empresa que produz a câmera de mesmo nome.
Entre as obras expostas estão desde trabalhos jornalísticos até fotos de moda e do mundo da ciência. A maior parte das fotos expostas foi feita em branco e preto.
Aqui, uma foto da mexicana Graciela Iturbide.
Foto de um coveiro na Suécia, de Sune Jonsson
Foto do sueco Lennart Nilsson mostra bebê no útero.
Foto inusitada do sueco Christer Strömholm, de 1966, intitulada Rua Jacob, Paris.
A exposição no museu Reiss-Engelhorn mostrou fotos como esta, do japonês Hisoshi Hamaya.